Estive na cidade de Goiás neste mês de fevereiro, com duas motivações: participar do projeto Quintal Medicinal, realizado no Mosteiro da de Goiás, pela Fraternidade da Anunciação e conhecer a Livraria Leodegária, que fica no tradicional Mercado Municipal de Goiás.
A livraria foi fundada em agosto de 2018, com o objeto de criar, na cidade de Goiás, um ponto cultural, um local de encontro entre livreiros, escritores, leitores e amantes da cultura em geral. A iniciativa foi das professoras Ebe Lima Siqueira, Edina Ázara e Goiandira Ortiz.
Um registro interessante: em entrevista concedida ao site PublishNews Goiandira comentou que a última livraria de que se tem notícia na cidade de Goiás funcionou na década de 1920. Sua iniciativa traz, pois, uma luz neste deserto de letras, ou melhor: neste deserto de livrarias.
O nome da livraria é uma homenagem à professora e poeta Leodegária de Jesus, primeira mulher no estado de Goiás a publicar um livro de poesias. Leodegária nasceu em 1889 e viveu na cidade de Goiás, tendo sido contemporânea de Cora Coralina, com quem trocou inúmeras figurinhas literárias, como, por exemplo, a fundação do jornal literário “Rosas”. Além de mulher, Leodegária era negra e publicou os livros “Corôa de Lyrios”, em 1906 e “Orchideas”, em 1928. Jovem, mulher e negra: nessa condição Leodegária enfrentou as tradições machistas de Goiás, vindo daí a homenagem que hoje recebe.
GOANDIRA Ortiz, professora e livreira, nos recebeu com simpatia, falando do seu projeto, das suas expectativas e esperanças com a livraria. Comprei dois livros – “Primeiras Histórias”, de Guimarães Rosa e “Tropas e Boiadas”, do nosso Hugo de Carvalho Ramos. Trouxe também alguns mimos: uma camiseta, uma caneca e um vidrinho de pílulas com a poesia de Cora Coralina. Vou tirar uma, vamos ver o quem dentro: “Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho / Seu cheiro gosto d’agua e sabão”.
Conheci a Livraria Leodegária esses dias, pretendo voltar lá mais vezes. A cidade de Goiás sempre me encanta.
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